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Janeiro foi um mês de aumento do endividamento da população, conforme indica a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), realizada mensalmente pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC).
O percentual de famílias que relataram ter dívidas a vencer foi de 78,1% em janeiro, um aumento de 0,5 ponto percentual (p.p.) em relação a dezembro e de 0,1% no comparativo com janeiro do ano passado. No entanto, a taxa diminuiu entre as famílias de classe média que têm rendimento entre 5 e 10 salários mínimos, atingindo 76,4% desses consumidores. Nesse caso, houve queda de 1,9 p.p. perante dezembro e 0,8 p.p. na comparação com janeiro de 2023.
Já a inadimplência caiu 0,5 p.p. em janeiro, na comparação mensal, e 1,6 p.p. em relação a janeiro de 2023. A porcentagem de famílias com dívidas em atraso fechou o mês em 28,3%, o menor nível desde março de 2022. Entre os inadimplentes, a CNC monitora também os que afirmam não ter condições de pagar suas dívidas, estes alcançando, em janeiro, o percentual de 12% das famílias.
O presidente da CNC, José Roberto Tadros, destaca que, em aspecto geral, a Peic de janeiro mostra um cenário positivo para 2024. “As pessoas estão conseguindo, aos poucos, quitar suas dívidas para contrair outras e adquirir novos produtos, planejar viagens, enfim, voltar a consumir com mais fôlego”, avalia o presidente. Segundo Tadros, as projeções da Confederação apontam que 2024 deve continuar, gradualmente, com aumento do endividamento e redução das famílias inadimplentes.
Diminui inadimplência entre famílias com menor renda
Entre as famílias com renda até três salários mínimos, 35,6% estão inadimplentes e 16,4% não sabem como vão quitar os atrasados. Apesar de esta ser a faixa de renda com maiores índices de dívidas em atraso, a inadimplência teve queda de 3,1 p.p., na comparação anual, e de 0,7 p.p. em relação ao mês anterior. Dessas famílias, diminuiu em 1 p.p. as que declararam não ter condições de pagar as dívidas em atraso em relação a janeiro do ano passado e 0,3 p.p. menos que em dezembro. Apesar de terem mais dificuldade de pagamento, a maior parte desses consumidores (29%) considera-se pouco endividada – mesmo que este seja o grupo com a maior fatia de renda comprometida com dívidas, 32% entre os que responderam à pesquisa.
Financiamento imobiliário é o maior em 22 meses
Apesar de o cartão de crédito continuar sendo o mais utilizado, com 86,8% do total de endividados nessa modalidade em janeiro, houve queda de 1 p.p. no comparativo com janeiro do ano passado e 0,4 p.p. perante dezembro. O economista-chefe da CNC, Felipe Tavares, ressalta que o uso consciente do cartão de crédito é importante para um mercado de crédito saudável e sustentável, já que essa modalidade apresenta a maior taxa de juros entre as opções de crédito e apresenta o maior nível de inadimplência entre os consumidores, em 53% novembro de 2023 segundo dados Banco Central.
Por outro lado, o crédito pessoal e o crédito consignado avançaram no ano (altas de 1,6 p.p. e 0,6 p.p., respectivamente). Um destaque é o financiamento imobiliário, que aumentou 1,4 p.p. em relação a janeiro do ano passado, fechando o mês em 8,4% do total, maior percentual desde março de 2022.
Outra constatação da Peic de janeiro é que houve redução de 2,4 p.p. nas dívidas em carnês, formato de crédito que esteve em crescimento em 2022 e, em 2023, inverteu a trajetória para uma queda praticamente constante. Em janeiro passado, o gasto em carnês era de 18,6%. No mês passado, foi de 16,2%. “Ainda assim, é a segunda modalidade mais procurada”, reitera Felipe Tavares.
Endividamento e inadimplência aumentam
O endividamento aumentou entre os consumidores com ensino médio completo e atingiu 78,5%. O crescimento foi de 0,5 p.p. no mês e 1,1 p.p. no ano. Eles também estão mais inadimplentes na comparação com janeiro de 2023: houve um ligeiro aumento, de 0,2 p.p., fazendo o índice chegar a 27,3%. Em relação a dezembro, no entanto, houve queda de 0,4 p.p.
Na outra ponta, os com menor escolaridade diminuíram o seu grau de endividamento, fechando o mês em 72,1%, 1,6 p.p. a menos que em dezembro. No ano, a queda foi de 5,5 p.p. A inadimplência entre esse grupo também caiu, e de forma mais significativa: em janeiro, eram 29,3% dos consumidores com menos escolaridade que estavam com contas atrasadas, uma queda de 3,4 p.p. em relação a dezembro e de 2,1 p.p. no comparativo com janeiro de 2023.
O economista Felipe Tavares indica que os de maior escolaridade normalmente têm empregos mais estáveis e mais bem remunerados, o que faz com que essas pessoas consigam arcar com mais dívidas sem ficar inadimplentes, tendência que vem sendo observada desde outubro passado. “Como os menos instruídos geralmente têm menor renda, precisam controlar melhor seu orçamento, o que explica a redução da inadimplência e do endividamento com maior intensidade”, ressalta.
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