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Um estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgado hoje indica que o Banco Central pode, sim, baixar os juros sem elevar a inflação em situações como a que o país enfrenta no momento. A avaliação está no Comunicado 148 – Efeitos Assimétricos da Política Monetária sobre Inflação e Crescimento no Brasil: Diferenças conforme a Fase do Ciclo Econômico e a Direção e Magnitude de Choques nos Juros.
“Existe uma distorção na economia brasileira, que são as taxas de juros – uma das maiores do mundo. Mas, em algum momento, temos que baixar as taxas para níveis compatíveis com os de outros países. A fase atual deve ser aproveitada para baixar os juros, sem acelerar a inflação”, destacou o coordenador de Economia Monetária e Câmbio do Ipea, Thiago Martinez.
De janeiro até abril, a taxa básica de juros foi reduzida de 10,5% ao ano para 9% ao ano e deve cair mais na avaliação dos analistas do mercado financeiro, podendo chegar a 8,5% na próxima reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (BC) marcada para os dias 29 e 30 deste mês. Já o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) fechou o mês de abril com alta de 0,64%, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mas o resultado no acumulado no ano ficou em 1,87%, abaixo da taxa de 3,23%, relativa a igual período do ano passado.
Isso reforça a tese de Martinez sobre as reduções na taxa básica de juros realizadas pelo BC. Para ele, foram mudanças que surpreenderam, inclusive, muitos analistas porque não houve aceleração da inflação, o que é coerente com o estudo apresentado pelo instituto.
No entanto, o boletim Focus, divulgado semanalmente pelo Banco Central, indica que o mercado financeiro, mesmo estimando uma nova redução na taxa básica de juros nos próximos dias, acredita na elevação da inflação medida pelo IPCA, que pode chegar aos 5,22% estimados na semana passada e, não, mais em 5,12% previstos anteriormente.
O estudo do Ipea deixa claro, porém, que as conclusões obtidas para o período de 2003 a 2010 “não são diretamente transponíveis a períodos posteriores” e faz outras avaliações sobre o comportamento da produção industrial e da inflação e dos impactos da taxa de juros utilizados na política monetária, de acordo com o ritmo de crescimento econômico .
“Se a economia, por exemplo, cresce bastante, ao baixar os juros, o Banco Central faz a economia crescer ainda mais, mas gera também inflação. Mas se o BC quiser fazer a economia não crescer de forma tão acelerada, sem gerar inflação, terá que elevar muito os juros. É uma das coisas que mostramos no estudo”, destacou Martinez
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