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Notícias do Varejo

18
Julho 2024

Operações financeiras do varejo são alternativa de acesso ao crédito para desbancarizados

A pesquisa Mercado da Maioria, realizada pelo Instituto Locomotiva em parceria com a PwC, reuniu dados sobre o comportamento de consumo e poder aquisitivo das classes C, D e E no Brasil, consideradas a base da pirâmide social no país. 

 

De acordo com o estudo, elas representam 76% da população brasileira e respondem por quase metade do consumo do país, mas ainda assim têm um potencial de compra reprimido, em parte, pela falta de acesso ao crédito: 56% das pessoas da classe C já deixaram de comprar algo por falta de crédito; nas classes D e E, este número sobe para 72%. Uma alternativa para esse gargalo está nas operações financeiras realizadas pelo varejo, que conseguem abarcar também os desbancarizados, pessoas que não têm conta no banco.

 

Financiamento

 

Essas operações são realizadas pela própria varejista, quando a rede de lojas oferece um programa de financiamento, concessão de crédito ou empréstimo, por exemplo, sem depender de um banco, pois ela mesma é dona da operação ou conta com uma empresa parceira que possui todo um ecossistema financeiro pronto para uso, sempre em conformidade com o Banco Central. Em um cenário positivo, esse tipo de programa ajuda na fidelização do cliente, que consome mais dentro da companhia e ganha poder de compra, mesmo que por um curto período de tempo.

 

"Com a chegada dos bancos digitais e a pandemia, as pessoas passaram a ter acesso ao banco, em parte para receber o auxílio-emergencial, mas estamos falando de serviços financeiros e crédito. Mesmo os bancos digitais não conseguem atingir plenamente a população das classes C, D e E, pois ou eles não concedem crédito a essas pessoas ou eles conseguem valores muito pequenos, que não resolvem a demanda", comenta Pedro Albuquerque, cofundador e diretor de Novos Negócios da RPE - Retail Payment Ecossistem, empresa focada em soluções de meios de pagamento para varejo, bancos e fintechs.

 

Crédito

 

Pedro explica que os bancos também têm um gargalo, porque quando dão crédito para as classes C, D e E, também aumentam a inadimplência. "Essas classes também conseguem crédito no varejo, então fica a questão: 'eu pago a fatura do meu banco ou a fatura do supermercado, que é onde eu faço compras?'. Em geral, o indivíduo tende a pagar o supermercado, porque é por onde ele consegue se alimentar. Então, no final das contas, é o varejo que dá esse crédito a esse público." Ainda de acordo com a pesquisa do Instituto Locomotiva, 87% das pessoas das classes C, D e E consumiriam mais se tivessem mais acesso a crédito. Eles têm dificuldades, por exemplo, com aumento de limite no cartão: 79% já solicitaram aumento de limite, mas 38% deles nem sempre conseguiram.

 

Outro dado que surge na pesquisa é sobre o uso do pix como principal meio de pagamento do dia a dia, atingindo 66% da população do mercado da maioria, já que ele apresenta descontos para quem o utiliza, ausência de taxas e transação instantânea. "O pix transformou a indústria de meios de pagamento e também o varejo, pois ele é trilha para vários serviços: não só pode ser usado para compras, mas também pagamentos de fatura e outras necessidades", diz Pedro. Por sua vez, o mercado da maioria é como se identifica a população das classes C, D e E, sendo que 52% são mulheres; 62% se identificam como pessoas negras; 9% são LGBTQIA+, entre os adultos; e 9% tem algum tipo de deficiência. 

 

Para este público, o uso dos cartões private label, aqueles emitidos por uma marca que só podem ser utilizados dentro da própria rede de lojas e que não têm bandeira, representa apenas 9% do total. Mesmo assim, 15% das pessoas ainda não o utilizam como meio de pagamento, mas gostariam. Segundo a pesquisa do Instituto Locomotiva, a integração das formas de comprar online e offline pode ajudar os meios de pagamento a se integrarem, tornando-se uma alternativa menos complicada aos consumidores.

 

Biometria

 

Hoje, 28% dos brasileiros já utilizaram pagamento por uso de reconhecimento facial ou biometria, o que mostra um grande potencial de crescimento para a modalidade. "As validações biométricas podem ser usadas para transação, captação de cadastro e muitas outras funções no varejo. Elas deixam a jornada do consumidor mais fluida, pois os métodos tradicionais de validação, como SMS ou Whatsapp, mostram a dependência por operadoras de telefone para receber um token. Com a biometria, isso não acontece", comenta Glauco Soares Filho, co-fundador e diretor de negócios da Horizon Pay, um spin off da RPE.

 

Dessa forma, "o acesso ampliado ao crédito e tecnologias como biometria no varejo têm transformado de forma significativa o setor, proporcionando uma experiência de compra mais segura e conveniente para os consumidores. Ao substituir senhas e cartões por reconhecimento facial, impressão digital e outras formas de identificação, a biometria pode reduzir fraudes e simplificar o processo de autenticação nas transações. Paralelamente, o maior acesso ao crédito permite que mais consumidores realizem compras, impulsionando as vendas e expandindo a base de clientes dentro das empresas", comenta Glauco.

 

Ainda de acordo com o estudo, mesmo com a transformação digital, as lojas físicas ainda têm relevância. Para compras de supermercado, por exemplo, 46% das pessoas das classes C, D e E usam somente os espaços físicos. A maioria opta em comprar mais pela internet os artigos eletrônicos, cursos diversos ou cursos de idiomas. Para o varejo continuar se destacando e tendo relevância para esse público, será preciso criar experiências envolventes e personalizadas para conquistar o consumidor, de acordo com as preferências dele. Por exemplo, alternativas que levem em conta a sustentabilidade, a diversidade e a responsabilidade social. Aos poucos, as preferências de consumo estão mirando em um bem-estar coletivo, levando em consideração um propósito. E é dessa forma que o consumidor consegue se engajar no processo e também participar dele, se tornando protagonista.

Fonte: Mondoni Press

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