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O baixo crescimento da economia e a maior concorrência internacional devem amortecer o repasse da alta do dólar para a inflação, segundo avaliação de economistas.
Para a professora de economia Virene Matesco, da Fundação Getulio Vargas, o repasse da alta do dólar para a inflação já foi maior quando a economia brasileira era mais fechada.
Atualmente, com a maior concorrência internacional, os setores da economia tendem a absorver parte do aumento de custos para não repassar aos consumidores. Em segmentos da economia onde há baixa concorrência, no entanto, ela acredita que os consumidores podem sentir mais o repasse cambial para os preços.
Segundo o ex-diretor do Banco Central Carlos Eduardo de Freitas, quando o dólar está baixo, há maior importação de produtos como geladeiras, automóveis e celulares, por exemplo, e a indústria local tem dificuldades de concorrer.
Já quando o dólar sobe, como atualmente, há espaço para a indústria nacional oferecer produtos com preços mais altos. Entretanto, segundo Freitas, com a economia brasileira em “baixo crescimento”, o setor produtivo não consegue vender muito e, por isso, evita repassar a alta de custos para o consumidor. “Isso arrefece o impacto sobre a inflação”, disse.
Em julho, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que mede a inflação oficial, registrou taxa de 0,03%. No ano, o IPCA acumula 3,18%. Em 12 meses encerrados em julho, o IPCA ficou em 6,27%. Para a professora, como no cálculo do IPCA são consideradas famílias com renda de um a 40 salários mínimos, o efeito de alta do câmbio é “diluído”. Além disso, ela explica que a alta do dólar ainda é recente para gerar efeito mais forte.
Apesar de considerar que o repasse da alta do dólar será menor do que costumava ser, a professora acredita que os consumidores ainda sentirão efeitos. Para Virene, o resultado de julho do IPCA foi um “ponto fora da curva”, ou seja, a expectativa é de índice mais alto nos próximos meses.
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